Em duas semanas, moeda americana acumula uma queda de cerca de 5% em relação à cotação máxima do ano, de R$ 2,438
A cotação do dólar voltou a recuar ontem no mercado brasileiro. A moeda americana fechou em R$ 2,3220, com queda de 1,44%. Uma das causas do recuo foi o ingresso no País de US$ 1 bilhão de uma empresa privada estrangeii segundo fontes do mercado.
Em duas semanas, o dólar caiu cerca de 5% em relação à cotação máxima do ano. Assim, tem recuperado no Brasil parcela significativa da desvalorização relativa à divisa de países como o México e o Chile, além de outros com os quais vinha apresentando trajetória parecida, como a índia e a Turquia.
A onda de desvalorização das moedas emergentes começou em maio, quando o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Ber-nanke, deu sinais de que poderia começar a reduzir o programa de estímulos à economia dos EUA - em que todo mês há uma compra de títulos no valor de US$ 85 bilhões.
Essa redução de estímulos pode acontecer porque a economia americana está dando sinais de recuperação. Assim, a cada nova divulgação de dados macroeconômicos positivos, o mundo todo é afetado. Isso porque, sem o programa de estímulos, os juros dos títulos do Tesouro americano sobem e há uma tendência de os dólares voltarem para os Estados Unidos, em busca desse melhor rendimento, mais seguro.
Ontem, mais números positivos relativos à economia dos EUA foram divulgados, e o título do Tesouro americano com vencimento em dez anos bateu os 3% de juros.
Desde maio, cada subida de 0,10 ponto dos títulos americanos fazia com que as moedas emergentes derretessem. Mas, na última semana, esse comportamento já não é mais tão correlato, como lembra um gestor de mportante fundo brasileiro.
E não foi só o real que se descolou. Além da moeda brasilei-
ra, a rupia indiana se valorizou ontem, depois que o banco central daquele país anunciou medidas para segurar a moeda e fortalecer o setor bancário.
Swap. No Brasil, o Banco Central também tem atuado com leilões diários de dólares por meio de "swaps" cambia (uma operação equivalente à enda de dólares no mercado futuro) e de linhas de financiamento para os bancos.
No mercado futuro, os investidores estrangeiros têm aumentado suas apostas contra a moeda brasileira e, na terça-feira, atingiram a posição recorde de US$ 16,95 bilhões, segundo dados da consultoria MCM. Na semana em que o Banco Central anunciou o programa de leilões e alertou para o perigo de movimentos especulativos, esses investidores haviam reduzido posições a menos de US$ 10 bilhões, mas foram elevando as apostas nesta semana. Já os investidores nacionais continuam se desfazendo das chamadas posições "compradas", que apostam na alta do real.
Os juros do mercado futuro timbém foram influenciados ontem pelo movimento positivo no câmbio, deixando em segundo plano a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que reforçou a percepção de que o ritmo de elevação da Selic continuará em 0,50 ponto, pelo menos até outubro.
Já a Bovespa, depois de pas-s ar boa parte do dia em territó-110 negativo, prejudicada pela desvalorização dos papéis da petroleira OGX, virou à tarde e recuperou o nível de 52 mil pontos, impulsionada pelas ações e Petrobrás. Hoje serão conhecidas a inflação de agosto no Brasil e os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que podem influenciar os mercados.