O juro mais alto no ano que vem é uma possibilidade aberta pela perspectiva de expansão do PIB a um ritmo mais robusto. A atividade mais forte tende a puxar a inflação. E o passo seguinte tende a ser um rebalanceamento do juro neutro vigente no país e que vem rondando os 2%. O juro neutro - aquele que viabiliza a expansão econômica sem pressões inflacionárias - pode ser o dobro.
Marcelo Kfoury, economista-chefe do Citibank, trabalha com esse cenário e Selic a 9,25% no fim de 2013. Estima o juro neutro entre 4% e 5% e contempla uma recuperação importante da atividade à frente. Ele trabalha com a perspectiva de a economia brasileira crescer por quatro trimestres, a partir do terceiro deste ano, acima do PIB potencial. E esse fôlego justificaria uma ação do Banco Central (BC) em algum momento do ano que vem, no sentido de retirar os estímulos monetários acumulados desde o ano passado.
Um dos fatores que explicam a expectativa positiva de Kfoury para a atividade é sua análise sobre o mercado de crédito. Ele pondera que o crédito pode não estar crescendo como o governo esperava, mas acredita que em dois ou três meses os bancos deverão ter "limpado" suas carteiras de créditos problemáticos representados por financiamentos à aquisição de veículos contratados em 2010.
"Essa limpeza abre espaço para expansão das operações, que estão aumentando. Considerando que os financiamentos de carros representam 70% das vendas totais, que cresceram 40% em junho, é possível estimar que esse nicho de crédito já está se fortalecendo. Além disso, as operações vão muito bem com a linha branca desde o estímulo tributário dado pelo governo no fim do ano passado", diz Kfoury, que assegura não estar entre os que veem esgotado o modelo de crescimento pelo consumo.