O Índice Bovespa (Ibovespa) pode finalmente se livrar das amarras vistas desde a segunda semana de janeiro. Atualmente, o indicador está "preso" entre 61 mil e 62 mil pontos. A questão é que, para atravessar este período congestionado e engatar um movimento mais consistente de alta, os grafistas afirmam que a bolsa tende antes a cair.
Tal comportamento, dizem os especialistas, tem relação direta com as expectativas para a bolsa de Nova York. Eles acreditam que o mercado americano está prestes a iniciar uma onda curta de venda de ações, com os investidores buscando realizar lucros acumulados, e com isso a bolsa brasileira - fortemente relacionada - tende a seguir o movimento.
Segundo Eduardo Collor, analista técnico da DirectaInvest, a análise de cotações recentes do índice S&P 500, da bolsa americana, mostra um nível 99 de baixa. A avaliação está relacionada a uma ferramenta técnica, com escala de 0 a 100, que relaciona preços de fechamento e cotações máximas e mínimas em determinados intervalos. "Quanto mais próximo de 100, mais chances de haver realização de lucros", diz Collor.
Enquanto não houver essa venda em bloco de ativos lá fora, a tendência do Ibovespa é de permanecer na faixa de congestão, comprimido entre 61.100 e 62.340 pontos, afirma o analista da DirectaInvest. Se a bolsa americana cair nesta semana, Collor vê o Ibovespa recuar primeiro para os 61.100 pontos e com "grandes chances" de recuar mais. "Em dois ou três dias, pode chegar aos 60.200 pontos."
Apesar das chances de queda em um horizonte próximo, Collor destaca que o Ibovespa se mantém em tendência de alta no médio prazo, avaliação compartilhada pelo analista técnico Igor Graminhani, da WinTrade/Alpes Corretora. "Desde a metade de novembro do ano passado, o indicador vem fazendo uma sequência de topos e fundos ascendentes, o que caracteriza uma tendência de alta", afirma Graminhani. Segundo ele, os gráficos mostram que o índice está mais perto de quebrar a congestão do que de cair. Mas, para entrar com força na faixa positiva, a bolsa precisa fechar acima da linha de resistência de 62.300 pontos, afirma. A partir deste patamar, o Ibovespa "buscaria" o topo de 63.400 pontos, que tem sido respeitado pelo indicador desde o início do ano.
Se as análises para o Ibovespa não indicam ainda um cenário muito claro, uma saída podem ser alguns papéis de empresas ligadas a educação, consumo e finanças. Collor, da DirectaInvest, indica como ações a serem colocadas no radar a ordinária (ON, com direito a voto) da Anhanguera Educacional, por exemplo. Segundo o especialista, se a cotação romper a resistência de R$ 34,40, abre uma oportunidade interessante de compra. A partir daí, a tendência seria buscar o degrau de R$ 36,84 - alcançado em 02 de janeiro. Collor recomenda como "stop loss" - perda máxima admitida - a cotação suporte de R$ 33,70.
Outra indicação do analista da DirectaInvest é Hering ON. "A ação entra em compra desde que rompa a resistência de R$ 39,60. Na quinta-feira passada, formou uma figura de subida, o "Harami de alta" [palavra japonesa que significa gravidez; a figura formada sugere uma mãe com seu bebê]." Neste caso, a cotação máxima de ganho seria de R$ 41,70, que na avaliação de Collor deve ser alcançada ainda nesta semana. O stop está em R$ 38,80.
Na avaliação de Graminhani, da WinTrade/Alpes, os papéis dos dois maiores bancos privados do país estão em tendência de alta. A diferença é que Itaú Unibanco ON pode subir no curto prazo, enquanto a preferencial (PN, sem voto) do Bradesco se mantém, momentaneamente, contida em um "retângulo", que significa uma área de congestionamento dos preços.
De acordo com Graminhani, Itaú ON está próxima de atingir um ponto de compra. "Se romper os R$ 34,85, que é o topo histórico do papel, confirmará esta condição." O patamar seguinte é estimado em R$ 37,50 e o stop recomendado está em R$ 33,30. "Esse stop projeta um risco de 4,48%", afirma o grafista.
No caso de Bradesco PN, diz ele, a faixa de compra surgiu quando o ativo rompeu a resistência de R$ 38,15, na sexta-feira. O papel pode, pelos gráficos, alcançar R$ 39,40 e o stop recomendado está em R$ 36,70.