O mercado brasileiro acompanha o marasmo de seus pares internacionais nesta semana, com fraco volume e poucas oscilações. Todas as atenções estão voltadas para a ainda distante sexta-feira, quando os membros do Federal Reserve (Fed) e representantes dos principais bancos centrais do mundo se encontrarão em Jackson Hole, no interior dos EUA, para discutir a situação da economia mundial e, principalmente, da americana. A expectativa dos investidores é que o presidente do Fed, Ben Bernanke, reforce o anúncio de novas medidas de estímulo já em setembro.
Enquanto isso, a melhor estratégia, na avaliação da Itaú Corretora, é privilegiar ações de empresas que contem com uma boa tese de investimento e que tenham em especial uma boa correlação com o aquecimento da economia brasileira. A corretora lembra que os mercados de renda variável mundiais testemunharam uma mudança drástica de humor nas últimas semanas. O discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, foi crucial para reacender uma chama de esperança para os investidores. A ideia de que o BCE e o Fundo Europeu de Estabilização (EFS, na sigla em inglês) atuarão em conjunto para dar liquidez aos títulos soberanos, como os italianos e os espanhóis, ao menos diminuiu o risco iminente de uma desvalorização exagerada dos títulos.
A Itaú Corretora lembra que a bolsa brasileira também sentiu essa mudança e deixou a faixa dos 52 mil pontos no fim de julho para encostar nos 60 mil pontos na semana passada. "Agora, a grande pergunta dos investidores, cuja resposta não é trivial: a bolsa brasileira terá fluxo positivo nas próximas semanas para conseguir romper a barreira dos 60 mil pontos e seguir subindo?", questiona a corretora.
Suas principais recomendações nesta semana são vinculadas à economia doméstica, com exceção de Vale PNA. "Acreditamos que as ações de Vale já refletem o preço de minério de ferro mais fraco neste momento e que um repique de alta no minério possa ocorrer nas próximas semanas, impulsionando provavelmente as ações da empresa." A carteira inclui ainda RaiaDrogasil, BR Properties, Light e Petrobras.
Ontem, a Bovespa refletiu novamente a cautela dos investidores, à espera da fala de Ben Bernanke, com volume financeiro inferior a R$ 5 bilhões. "O mercado está comprando a versão de que Bernanke vai anunciar algum tipo de estímulo", disse um operador para justificar a leve alta de 0,51% do Ibovespa, para 58.406 pontos. Vale lembrar que a bolsa brasileira caiu mais de 2% nos últimos três pregões e, portanto, tinha algum espaço para correção. O estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi, observou que os mercados continuam voláteis. Se nada for anunciado na sexta-feira, há grandes chances de uma realização mais forte.
Entre as mais negociadas, Vale PNA perdeu 0,02%, a R$ 33,38; Petrobras PN caiu 0,14%, a R$ 21,34; OGX ON ganhou 1,23%, a R$ 6,55; e Itaú Unibanco PN fechou estável a R$ 33,50. A lista de maiores altas trouxe MMX ON (5,03%), PDG Realty ON (4,65%) e Marfrig ON (3,77%). As perdas foram lideradas por CSN ON (- 2,73%), BM&FBovespa ON (- 2,04%) e Braskem PNA (-1,84%). Fora do Ibovespa, chamou atenção a queda de Cetip ON (- 4,65%, a R$ 25,40). O BTG Pactual reduziu sua recomendação, de compra para neutra, com preço-alvo de R$ 30, em meio ao iminente fim do que o banco chama de "duopólio" entre Cetip e BM&FBovespa.