O Banco Central parece ter chegado ao limite. Um ano após o início do processo intenso de corte nos juros básicos (Selic) — que levou a taxa ao menor nível da história (7,5% ao ano) —, especialistas acreditam que a autoridade monetária parou. Essa é a aposta da maior parte do mercado financeiro. Ontem, no boletim Focus, que capta as projeções dos mais importantes analistas, as expectativas para a Selic no fim de 2012 foram revisadas de 7,25% ao ano para 7,5%. O levantamento sugere ainda que, para não comprometer a inflação de 2013 e mantê-la sob controle este ano, o BC precisa pisar no freio.
O levantamento é também um alerta para o governo, que quer juros mais baixos e tem alardeado, à revelia do BC, a manutenção deles em 7,5% no ano que vem. Os especialistas projetam há 11 semanas a piora da inflação. Na última, a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,26% para 5,35% ao fim de 2012. Para o próximo ano, a estimativa manteve-se inalterada em 5,5%, um número considerado elevado. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), por exemplo, apresentou alta de 0,53%, taxa 0,04 ponto percentual mais elevada que a anterior.
Melhora
"Com esse peso maior sobre o custo de vida e a melhora dos indicadores de crescimento para o país, o BC não precisa dar mais estímulos à economia", observou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio. Ele lembra ainda que, em 14 de setembro, o BC alterou as regras dos depósitos compulsórios e diminuiu o valor que as instituições financeiras são obrigadas a guardar nos cofres da autoridade monetária. Na prática, a medida corresponde a uma injeção de R$ 30 bilhões na economia e a uma diminuição nos spreads. "Esse é um incentivo que pode ser visto como uma substituição ao corte de juros", ressaltou Freitas.
Para os analistas, o efeito dos estímulos começam a aparecer só agora. Depois de derreterem por dois meses seguidos, apenas na semana encerrada em 21 de setembro as expectativas de crescimento interromperam o ciclo de piora. Desde julho, foi a primeira vez que não caíram as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do ano. O número ficou estável: 1,57%