Caso a previsão dos analistas seja confirmada, o Banco Central (BC) deverá anunciar hoje, no fim do dia, o corte de meio ponto percentual na taxa básica de juros, após o término da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Com a Selic em 8% ao ano, a caderneta de poupança passaria a render 0,46% ao mês, líquido do Imposto de Renda (IR). E a rentabilidade bruta de um fundo de investimento para superar o rendimento da poupança passa a ser de aproximadamente 7% ao ano, considerando os custos da taxa de administração.
Com juros em patamares historicamente baixos, a ansiedade dos investidores pela busca de opções mais rentáveis para as aplicações passa a ser grande. O problema é que, no atual cenário conturbado, não sobram opções fáceis.
A bolsa vem de um longo período de baixa, provocado por um ambiente sombrio em relação ao crescimento econômico. Para o curto prazo, a maioria dos especialistas recomenda carteiras com foco em ações defensivas.
O dólar tem demonstrado uma tendência de alta, mas o risco do investimento é grande porque a crise financeira internacional ainda está longe de ser resolvida. Além disso, os Estados Unidos terão que enfrentar uma nova rodada de disputas políticas, um pouco antes das eleições presidenciais, para que o Tesouro americano consiga aumentar novamente o teto do endividamento.
No ano passado, a polêmica sobre o assunto provocou o rebaixamento da nota de crédito dos títulos soberanos e ocasionou muita volatilidade.
No atual momento, a capacidade dos gestores de fundos agressivos anteciparem os movimentos de mercado para tirar proveito das oscilações do preço dos ativos também fica reduzida. Apesar das possibilidades de ganhos no longo prazo, o dia a dia do investidor fica sujeito a grandes variações no valor do patrimônio.
Restam as alternativas de crédito privado, que começam a atrair cada vez mais interessados. De acordo com os dados do último Boletim de Renda Fixa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o total do estoque de títulos emitidos por instituições privadas era de R$ 1,6 trilhão no fim de junho, contra R$ 2 trilhões em títulos públicos. De acordo com o estudo, do total dos papéis privados, 59% são títulos bancários, 28% debêntures, 9% títulos imobiliários e 4% englobam os demais títulos.
Os papéis emitidos por instituições financeiras são os mais tradicionais e estão sujeitos à supervisão do BC. Fazem parte desse grupo os CDBs, RDBs, Letras de Câmbio, DPGE e, mais recentemente, as Letras Financeiras.
O montante total de títulos emitidos pelos bancos era de R$ 817 bilhões em junho de 2011 e passou para R$ 947 bilhões em junho de 2012, o que representa aumento de 16%. A taxa de remuneração dos títulos é pactuada livremente em cada operação e varia de acordo com o perfil do banco e o montante de recursos disponíveis para investir. Bancos menores, geralmente, pagam mais e investidores com mais recursos conseguem maior remuneração.
As debêntures são títulos emitidos por empresas organizadas como sociedades anônimas, que podem ou não ter ações negociadas em bolsa. Para que as debêntures sejam oferecidas ao público em geral, precisam do registro específico na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A remuneração da maioria das debêntures está vinculada ao CDI, a taxa média do mercado interbancário, e o prazo médio das emissões em mercado é de cerca de dois anos. Todos os títulos de uma mesma série pagam remuneração idêntica a todos os debenturistas, mas ao comprar os papéis no mercado secundário, cada investidor pode negociar condições diferentes. É um processo semelhante ao encontrado no Tesouro Direto, só que com maior variação de taxas.
O terceiro grande grupo de papéis privados são os títulos imobiliários, tais como LCI, Letra Hipotecária, CCI e CRI. Ganharam popularidade recentemente com o crescimento do ritmo dos financiamentos imobiliários e possuem como principal vantagem para a pessoa física a isenção do IR sobre os rendimentos. Nos últimos 12 meses o estoque cresceu 48%, passando de R$ 93 bilhões para R$ 137 bilhões.
Os demais papéis privados somavam R$ 81 bilhões em junho de 2012. Nesse grupo estão diversos tipos de títulos mais exóticos e, portanto, mais arriscados. Como regra geral, o investidor comum deve evitar papéis desse grupo.
Uma boa parte dos títulos privados está na carteira dos fundos de investimento, que contam com uma estrutura profissional para administrar os riscos da aplicação.
Não garantem rentabilidade, mas podem ser uma alternativa razoável, desde que os custos administrativos não absorvam boa parte da rentabilidade.