A congestão do Índice Bovespa (Ibovespa), quando o indicador fica "preso" entre dois níveis de pontuação, continuará firme na semana, mostram os gráficos. Mas houve uma mudança importante nos últimos dias: o patamar foi rebaixado. A oscilação, que se mantinha entre 54 mil e 56 mil pontos, passou agora para a faixa de 52 mil a 55 mil pontos.
A transformação ocorreu após o Ibovespa se aproximar, na quinta-feira, do suporte, ou seja, um piso que pode reverter uma baixa, de 52.200 pontos, formado na mínima do ano passado. A partir deste ponto, o indicador apresentou novo repique, quando volta a subir após encontrar um suporte, e fechou o pregão de sexta-feira em alta de 1,44%, aos 53.928 pontos.
No entanto, os analistas técnicos não veem força no movimento para o índice continuar a subida. "A retomada da pressão vendedora deve ocorrer quando o Ibovespa alcançar a resistência [nível ou topo que pode reverter uma alta]
em torno de 54.600 pontos", afirma Leandro Ruschel, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.
O analista da Ativa Corretora, Gilberto Coelho, também vê uma tendência de o Ibovespa ficar congestionado entre 52 mil e 55 mil pontos. "Neste começo de semana há espaço para mais um ou dois dias de alta para testar os 55 mil pontos", afirma. Entretanto, o grafista vê maior probabilidade de o índice voltar a cair após encontrar a resistência.
Caso a baixa ganhe força, o principal risco é de o indicador ultrapassar o suporte de 52.200 pontos. "Se perder os 52 mil, o pânico vai se instalar. O Ibovespa pode rumar primeiro para o piso psicológico dos 50 mil pontos, mas o mais provável é cair até 47 mil pontos", afirma Coelho.
Uma reversão da atual tendência de baixa só ocorreria se o Ibovespa superasse os 56.300 pontos, limite da linha de tendência de baixa, uma diagonal que une topos descendentes e indica o rumo do índice, afirma Silvia Zanotto, analista técnica da Planner Corretora. "Mas, do jeito que o Ibovespa fechou na semana passada, deve respeitar a resistência de 54.640 pontos e voltar a cair."
Vários papéis ainda continuam na contramão do Ibovespa. Para Ruschel, da Leandro & Stormer, a ordinária (ON, com direito a voto) da companhia de alimentos BRF rompeu uma máxima histórica na semana passada, o que a credencia a voos mais altos. O papel confirmou uma tendência de alta ao ultrapassar R$ 46,70. "Como não temos resistências pela frente, podemos usar uma extensão de Fibonacci [proporção matemática que rege o mercado, segundo a análise técnica] para estabelecer um objetivo para a operação em R$ 48,89 e um segundo mais arriscado em R$ 52,70", afirma. O "stop loss" - nível máximo de perda admitida - pode ser definido logo abaixo do topo anterior, de R$ 46,70.
Ruschel aponta um segundo papel na mesma situação de BRF ON. Na avaliação do grafista, a ON da Ultrapar (distribuidora de combustíveis) e rompeu na semana passada o topo histórico, formado em fevereiro, o que sustenta a manutenção do movimento de subida. "Pela projeção de Fibonacci, um primeiro objetivo pode ser definido em R$ 54,60 e, uma meta mais avançada, em R$ 56,90." Para o stop loss, o analista técnico aponta o patamar de R$ 50,40, que, de acordo com ele, "é um fundo que não pode ser perdido e que, caso seja ultrapassado, pode levar a cotação de volta ao suporte de R$ 48,60, um fundo alcançado em março".
O analista técnico da Citi Corretora, Rafael Ribeiro, indica a ON da empresa de shoppings centers Iguatemi como uma ação prestes a entrar em ponto de compra. "O gráfico fechou a semana passada com uma figura de reversão de tendência com volume de negociação bem acima da média. E o potencial de alta ganha mais relevância porque a formação ocorreu bem próxima da banda inferior de Bollinger [que mede a volatilidade do papel pela variação entre bandas definidas a partir da média móvel de 20 períodos]", afirma.
Segundo Ribeiro, a abertura de compra ocorrerá quando a cotação ultrapassar R$ 24,90, a máxima da semana passada. "É uma operação mais longa, o papel pode, em algumas semanas, alcançar os R$ 26,30", diz. Como stop loss, o analista da Citi Corretora indica o patamar de R$ 23.