Em meio à temporada de divulgação de balanços e com o Índice Bovespa tendo um início de ano tortuoso - com queda acumulada de 5% até dia 15 de fevereiro -, as corretoras estão optando por fazer poucas reavaliações e adotar opções de empresas que passem longe das "blue chips", sobretudo do segmento de commodities, no qual se concentra boa parte dos maus resultados do Ibovespa no ano. Sem vetores de fundamento que indiquem reversão do quadro no curto prazo e com os indicadores técnicos desfavoráveis, como a perda do suporte dos 58 mil pontos, a saída tem sido buscar setores e papéis menos suscetíveis ao quadro negativo para o indicador.
"Dúvidas quanto ao crescimento do Brasil em 2013/14 têm deixado o investidor mais inseguro, e acreditamos que este seja um dos motivos para o descolamento entre o Ibovespa e os índices de ações internacionais", afirma a equipe da Itaú Corretora, em relatório. Em razão disso, a opção foi manter o radar de preferências na semana. "Continuamos confortáveis com o posicionamento em setores que apresentam características mais defensivas, aliado a ações que possuem catalisadores positivos de curto e médio prazo, com valuation atrativo", diz o texto.
O segmento preferido dos analistas da Itaú Corretora é o de shoppings e "properties", no qual a "top pick" é a BR Properties, cujo preço justo é projetado em R$ 32. Em segundo lugar vem o setor de petróleo e petroquímica, porém com uma aposta diferenciada, na Ultrapar, conglomerado industrial que conta com um braço forte de distribuição. O preço justo projetado pelos analistas para a companhia é de R$ 61. Estratégia diferente teve a XP Investimentos, que após altas recentes decidiu retirar os papéis da Ultrapar de sua lista semanal de "top picks". A instituição, no entanto, também selecionou uma aposta em shoppings, nas ações da Aliansce, por considerar exagerada a queda de quase 4% dos ativos na semana passada devido à "especulação do mercado de um aumento da taxa de juros ainda neste semestre, o que consideramos pouco provável", diz, em relatório.
A corretora Ativa também optou por manter opções fora das turbulências das commodities para esta semana. Além de reiterar a recomendação dos papéis da Ambev, a instituição também reforçou a aposta nos papéis do Itaú Unibanco. Em relatório, a Ativa diz que as perspectivas para a empresa de bebidas seguem favoráveis com o aumento da massa salarial. "A empresa se mostra bem posicionada tanto no segmento premium, com grande potencial de expansão, como no segmento de produtos tradicionais, mais acessíveis à população." Em relação ao Itaú, a avaliação é de que o banco tem conseguido melhorar seu nível de eficiência, reduzindo custos e despesas, além de se beneficiar da capilaridade de suas operações e da reversão do cenário de deterioração da qualidade do crédito.
Outro papel mantido pela Ativa em seu portfólio recomendado para a semana foi Cosan, a maior produtora e processadora de cana-de-açúcar do mundo. Para a corretora, seu posicionamento estratégico permite a exposição tanto à demanda por etanol quando de açúcar, beneficiando-se ainda do aumento no percentual do álcool na gasolina, além de atuar em outros segmentos, como o de distribuição de gás.
As ações incluídas na carteira teórica da Ativa foram Duratex e Autometal. A avaliação sobre a primeira é de que o ramo de painéis de madeira deve continuar puxando o crescimento da receita, estimulado por benefícios fiscais, enquanto que o desempenho da divisão Deca (louças e metais sanitários) será influenciado pelo recente reajuste de preços. No caso de Autometal, a escolha decorreu da exposição da companhia ao mercado de veículos leves no Brasil e no Nafta. "A empresa atua em um mercado fragmentado e possui vantagens competitivas, como larga escala e acesso à tecnologia superior."
Na XP, foram mantidos os papéis da América Latina Logística (ALL), Cielo (cartões de pagamento) e Brasil Brokers (intermediação e consultoria imobiliária). Além de Aliansce, a corretora incluiu Telefônica Brasil no portfólio sugerido, entre outros motivos em função de um "dividend yield (retorno com dividendos) acima da média" e da posição de liderança no setor. A seleção da SLW Corretora traz CCR, Randon, BRF, Lojas Renner e Pão de Açúcar.