Os encontros do Banco Central Europeu (BCE), do Bank of England (BoE, o banco central inglês) e do Federal Reserve nesta semana serão decisivos para que a Bovespa mantenha o fôlego. Afinal, na sexta-feira, o Ibovespa teve a maior alta em quase um ano graças às apostas - aqui e no exterior - de que a autoridade monetária europeia vai lançar medidas concretas para enfrentar a crise financeira e econômica na zona do euro.
Foi nessa expectativa que uma forte onda de compras disparou, assim que agências internacionais divulgaram informações de que o presidente do BCE, Mario Draghi, já está discutindo medidas como corte de juros e compras de títulos soberanos de países como Espanha e Itália.
E essa expectativa aumentou depois que o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, confirmou que vai conversar com Draghi hoje.
Foi a expectativa de que o BCE vai agir que levou o Ibovespa a subir 4,72% na sexta-feira para 56.553 pontos, com R$ 9 bilhões negociados - o maior do mês - no ganho mais forte desde 9 de agosto do ano passado.
Com a pontuação atingida, o Ibovespa reduziu as perdas no ano para 0,35%. Mas no mês, a variação já é positiva em 4,05%.
Gestores e operadores ouvidos ponderaram que a rápida valorização do Ibovespa na segunda metade da tarde de sexta-feira foi puxada mais por fator técnico que por fundamentos. É que os o investidores que estavam "vendidos" (apostando na baixa) no mercado futuro de Ibovespa tiveram que zerar as posições, gerando mais ordens de compra.
De acordo com um tesoureiro, ainda não há nada prático anunciado sobre uma ação do BCE. Por isso, qualquer decepção poderia causar grande reviravolta nos mercados.
Ainda de acordo com esse especialista, a melhora de humor externo não é motivo para acreditar que o Banco Central brasileiro vai parar de cortar os juros por aqui. Segue válido o cenário de corte de 0,50 ponto percentual em agosto, com juro a 7,5%.
Independentemente disso, na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os contratos de juros futuros também tiveram uma forte alta seguindo a euforia externa.
Já no câmbio local, o que fez preço foi a possibilidade de o BC não rolar os swaps cambiais (que equivalem à venda de dólar no mercado futuro) que vencem em 1º de agosto. São cerca de US$ 4,5 bilhões em swaps que se não forem rolados geram efeito líquido de compra no mercado. A autoridade monetária tem até 31 de julho para optar ou não pela rolagem. O dólar comercial encerrou o dia com alta de 0,10%, a R$ 2,024 na venda, mas chegou a cair a R$ 2,011 (-0,54%). Na semana, o dólar avançou 0,05% e tem ganho de 0,70% no acumulado de julho. No ano, a valorização da moeda está em 8,29%.