Alta na comparação com o mesmo mês de 2011 foi de 6,3%; metade do porcentual registrado em maio, de 12,7%
As importações chinesas cresceram abaixo do esperado em junho, em um indício de enfraquecimento da demanda da segunda maior economia do mundo, enquanto as exportações também perderam fôlego em razão da crise que afeta a Europa, principal destino dos embarques do país.
Em mais um sinal de desconforto das autoridades de Pequim com a intensidade da desaceleração econômica, o primeiro-ministro Wen Jiabao afirmou ontem que a principal missão do governo será estimular investimentos. A declaração representa uma mudança do discurso oficial em defesa do "rebalanceamento" da economia do país, com redução dos investimentos e aumento do consumo doméstico na composição do PIB.
"Políticas para estabilizar o crescimento incluem estimular o consumo e diversificar as exportações, mas atualmente a principal tarefa é promover uma razoável expansão do investimento", disse Wen, segundo a imprensa oficial.
Os dados de comércio exterior divulgados ontem indicam que a China continua a perder fôlego, apesar da decisão do governo de acelerar a aprovação de projetos industriais e de infraestrutura a partir de maio.
O Banco do Povo da China também cortou a taxa de juros no dia 7 de junho e repetiu a dose na semana passada.
As importações somaram US$ 148,5 bilhões, com aumento de 6,3% em relação a igual período do ano passado, metade do porcentual de 12,7% registrado em maio. Analistas ouvidos pela Bloomberg esperavam em média alta de 11%.
A desaceleração no crescimento das exportações foi mais suave, passando de 15,3% em maio para 11,3% em junho - os embarques somaram US$ 180,2 bilhões. Graças à queda acentuada nas importações, o superávit comercial foi de US$ 31,7 bilhões, o maior em três anos. Economistas esperavam que o resultado ficasse em US$ 24 bilhões.
O menor ritmo de expansão das importações reflete a debilidade da demanda chinesa por matérias-primas, produtos de consumo, máquinas e equipamentos. Esse movimento afeta em cheio o Brasil, que tem no país asiático o seu principal mercado externo.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, os embarques para a China diminuíram 3,6% no mês passado, para US$ 3,9 bilhões, em razão na queda das exportações de petróleo, óleo de soja, papel, aviões, mármores e granitos e minério de ferro.
Desaceleração. O resultado dos primeiros seis meses do ano mostram uma desaceleração acentuada no comércio exterior em relação a igual período de 2011. As importações cresceram 6,7%, comparadas a 27,5% entre janeiro e junho do ano passado. Já as exportações tiveram expansão de 9,2%, menos da metade dos 24% de igual período de 2011.
A inflação chinesa caiu para 2,2% em junho, o menor patamar em 29 meses, o que amplia o espaço do governo para adotar medidas de estímulo à economia. Na sexta-feira será divulgado o resultado do PIB do segundo trimestre, que deverá ficar mais próximo de 7,5% do que de 8,0%, no que seria o mais baixo índice desde a crise financeira de 2008/2009.
A maioria dos analistas espera que a economia reaja no segundo semestre, em razão do aumento dos gastos do governo, com expansão dos investimentos em casas populares e infraestrutura.