Para o governo, alta forte em agosto indica que o setor deixou para trás o período de maior dificuldade. Resultado do ano, contudo, ainda deverá ser negativo, lembram analistas
Favorecida pelas medidas de incentivo adotadas pelo governo, a indústria parece ter saído do atoleiro. Após mostrar tímidos resultados positivos entre junho e julho, a produção das fábricas cresceu 1,5% em agosto. Foi o melhor desempenho do setor desde maio de 2011, quando foi registrada expansão de 1,6%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o resultado indica que o período de maior dificuldade acabou. Ele disse que o crescimento da produção industrial demonstra "um gradual aquecimento da economia". Com isso, acrescentou, o país está deixando para trás "a condição pior para a indústria, que veio de um primeiro semestre fraco", mas "já dá sinais de reação".
O dado positivo de agosto, terceiro mês consecutivo de alta, começou a inverter uma curva de forte queda. Entre março e maio, o tombo acumulado do setor foi de 1,8%. Nos três meses seguintes, o saldo ficou positivo em 2,3%. No entanto, para o gerente da pesquisa de indústria do IBGE, André Macedo, ainda é cedo para concluir que o resultado anual ficará no azul. "Ainda tem um espaço (em decorrência das perdas) a ser percorrido, porque há uma predominância de resultados negativos no ano", disse.
De janeiro a agosto, o movimento nas fábricas ainda mostra recuo de 3,4%. Em 12 meses, a queda é um pouco menor, de 2,9%. Para o economista Rodrigo Mishida, da consultoria LCA, esses números condenam a indústria a um resultado negativo em 2012. "Nossa previsão é de queda de 2% em relação a 2011", afirmou.
Mishida lembra que o resultado de agosto ficou abaixo da estimativa do mercado (alta de 2%) e da própria consultoria (2,2%). "Nós esperávamos números melhores de bens de capital, mas eles nos surpreenderam negativamente", disse. Em relação a julho, o segmento de máquinas e equipamentos teve um pequeno aumento, de 0,3%. Já a comparação com agosto de 2011 mostra queda forte: 13%.
Incentivos
Para o ministro da Fazenda, a alta de agosto indica que a indústria deverá registrar resultados "nessa direção até o fim do ano". Segundo ele, "a demanda está aumentando gradualmente", o que faz crescer o consumo de produtos industriais. Além disso, segundo Mantega, surtiram efeito as medidas de desoneração adotadas pelo governo, como o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis, eletrodomésticos e móveis. Os números do IBGE mostram que esses setores foram os que mais contribuíram para a reação industrial no último trimestre. Entre junho e agosto, o crescimento da produção de bens de consumo disparou 9,4%.
» Exportação
melhora
Para o Ministério da Fazenda, as medidas tomadas pelo governo para proteger a indústria deram mais competitividade ao setor produtivo, que, em função disso, também está ganhando mais espaço no mercado internacional. "A exportação de manufaturados está aumentando", disse o ministro Guido Mantega. Entre as razões dessa melhora, ele citou políticas amigáveis do governo, como o "câmbio mais favorável" e a desoneração da folha de pagamento, "que favorece a exportação, porque desonera totalmente o produto exportado".