Decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sem surpresas na quarta à noite estimulou uma realização de lucros com os contratos de juros futuros negociados na Bolsa de Mercadorias e Futuros
Depois de três dias de queda acentuada e mínimas históricas, as taxas de longo prazo apontaram para cima. No entanto, como não há mudança no cenário, a avaliação continua sendo de que qualquer alta mais forte nas taxas representa uma boa oportunidade de venda.
Conforme o previsto, o Banco Central (BC) cortou a Selic em 0,50 ponto percentual para 8% ao ano, nova mínima história. E ao repetir o comunicado de maio pós-decisão deixou aberto o espaço para novas reduções.
Para o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, o quadro econômico é marcado pela persistência de incertezas na zona do euro, sobre o crescimento nos Estados Unidos e o ritmo de atividade na China.
"A questão externa não está resolvida. E isso favorece o cenário do BC de prolongar o afrouxamento da política monetária", diz o especialista, que acredita em redução de 0,50 ponto percentual do juro no Copom de agosto e na possibilidade de cortes também em outubro.
Ainda de acordo com Velho, a configuração da curva futura (as taxas projetadas ao longo dos vencimentos) segue sugerindo que a Selic deve ficar estável por longo período de tempo. O ciclo de alta esperado para o começo de 2013 está sendo empurrado para o meio do ano e o orçamento de aperto vai ficando menor.
Na agenda do dia, o Índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) caiu menos do que o previsto em maio ao apontar baixa de 0,02%, mas isso não muda o fato de que a atividade demora a reagir tanto aos cortes de juros, que começaram em agosto do ano passado, quanto às medidas anunciadas pelo governo.
Neste momento o quadro econômico brasileiro é de juros, inflação e crescimento para baixo.
De acordo com Velho, a queda de 0,9% da indústria e de 0,8% das vendas no varejo indicava resultado pior para o IBC-Br de maio.
"De qualquer forma, a viabilidade de um crescimento do produto interno bruto superior a 2% em 2012 continua comprometida", diz o economista que mantém projeção de crescimento de 1,82% com viés de baixa.
No front internacional, Velho aponta que as questões estruturais da crise europeia seguem intactas: baixo crescimento, queda de arrecadação e piora da situação fiscal.
Nos Estados Unidos, os balanços trimestrais começam a indicar a fraqueza da economia prejudicando o resultado das empresas. E, na China, o economista avalia que o PIB abaixo de 7,5% pode piorar ainda mais o humor do mercado.
No câmbio, a apatia segue grande. A volatilidade está menor, bem como os volumes transacionados na BM&F. "O mercado está praticamente morto", diz um corretor, apontando para as intervenções do governo.
O que está na cabeça dos investidores, segundo ele, é que com a moeda abaixo de R$ 2, o governo reclama, e que acima de R$ 2,10 o Banco Central entra vendendo.
O dólar comercial terminou o dia com alta de 0,25%, a R$ 2,04. Na semana, a moeda acumula valorização de 0,64%. Na BM&F, o dólar para agosto teve leve alta de 0,02%, a R$ 2,0445.