Economistas ouvidos pela pesquisa Focus, do Banco Central, preveem que o Copom não vai alterar taxa de juro na reunião que começa hoje e termina amanhã
A maioria dos economistas espera que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros nos atuais 7,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que começa hoje e termina amanhã. E o que mostra a pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central com cerca de 100 analistas.
Apesar de as previsões de crescimento para os dois últimos anos do governo Dilma Rousseff estarem cada vez menores, a avaliação do mercado é de que a inflação deve limitar a ação do BC para estimular a economia por meio de cortes de juros.
O levantamento divulgado ontem mostra que a aposta continua sendo de juros estáveis até o fim do ano. Já a previsão para 2014 mudou. Os juros devem voltar a subir em março do ; próximo ano, e não mais em junho, chegando a 8,25% em dezembro.
A divulgação da inflação de 5,84% em 2012, acima do centro da meta de 4,5% pelo terceiro ano seguido, contribuiu para a piora nas previsões para 2013. A projeção para o índice oficial de preços (IPCA) subiu de 5,42% há quatro semanas para 5,53%. Para o ano seguinte, está em 5,5%.
No mesmo período, a previsão de crescimento da economia caiu de 3,4% para 3,2% em 2013 e de 3,8% para 3,6% em 2014. "Se por um lado a atividade econômica continua decepcionando, o que poderia alimentar apostas para a retomada de um novo ciclo de corte de juros, por outro lado, a inflação, liderada pela alta de preços dos alimentos e de serviços, tem se mostrado cada vez mais pressionada, eliminando qualquer espaço para mais estímulo monetário", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil.
Efeitos. Para Rostagno, os juros devem voltar a subir provavelmente ainda este ano, o que
vai depender dos efeitos da crise externa sobre a inflação no Brasil. Ele avalia ainda que dificilmente haverá mudança significativa da atual política fiscal expansionista do governo até a próxima eleição presidencial. "A boa notícia é que, muito provavelmente, os tempos de juros , de dois dígitos ficaram para trás, e a tendência de longo prazo de queda da taxa no País deverá se manter."
Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora, avalia que é provável haver algum alívio inflacionário neste ano. "Estimamos um corte médio de 10% nas contas de energia elétrica, além de uma menor defasagem de gasolina e, portanto, uma alta mais moderada de combustíveis. Da mesma forma, os preços de alimentos podem contribuir para o arrefecimento da inflação no segundo semestre." Mesmo assim, o economista projeta 5,3% e 5,5%, respectivamente, para 2013 e 2014.
Em relatório, o Itaú Unibanco diz que o Copom deve manter os juros, inclusive com a repetição do último comunicado, no qual o Banco Central diz que "a estratégia mais adequada para garantir a convergência da in- fiação para a meta" é a manutenção dos juros "por um período de tempo suficientemente prolongado".