Brasileiros gastam US$ 1,9 bilhão em viagens internacionais, recorde para junho. Estrangeiro reduz despesa mesmo com Copa
Apesar de o dólar permanecer na casa de R$ 2,20, os gastos dos turistas no exterior continuaram em alta, sem mostrar ainda qualquer tendência de desaceleração. Em junho, as despesas de brasileiros com viagens internacionais somaram US$ 1,9 bilhão. O valor, inédito para o mês, é 14,5% superior ao apurado em junho de 2012. No acumulado do primeiro semestre, a cifra também é recorde: US$ 12,33 bilhões, uma alta de 15,2% em relação aos seis primeiros meses do ano passado.
Quando se observa o saldo na conta turismo, que contabiliza também os gastos de viajantes estrangeiros no Brasil, o número ficou positivo em US$ 1,5 bilhão, apenas em junho. Esse resultado só não foi maior, porque houve queda de 2,1% nas despesas dos estrangeiros no país, mesmo com a realização da Copa das Confederações. Na prática, significa que nem brasileiros ou estrangeiros demonstraram muito interesse nesse que foi o grande teste para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Isso mostra porque, mesmo com a disparada do dólar, que ontem fechou o dia cotado a R$ 2,222, queda de 0,51%, o viajante nacional manteve o ímpeto gastador. Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, isso se deve às características desse mercado, já que quem havia contratado pacotes internacionais não deixou de viajar apenas porque o dólar ficou mais caro. Para os próximos meses, no entanto, ele aposta em desaceleração. “O início do segundo semestre deve exibir moderação nas viagens, por causa da desvalorização do real”, apostou.
Consumidores ouvidos pelo Correio comprovam a suspeita de que o peso da variação cambial está sendo sentido só após o retorno ou quando as passagens e reservas de hotel já estão no bolso. O empresário Davi Aiache, 27 anos, por exemplo, se assustou ao comprar a moeda norte-americana no início do mês, antes de embarcar para Punta Cana, na República Dominicana. “O dólar estava a US$ 2,40. Se estivesse nessa faixa quando comprei o pacote, nem teria viajado”, lamentou.
Mesmo evitando gastar muito, Davi teve uma surpresa desagradável ao receber a fatura. “Dos R$ 800, R$ 100 foram só de imposto”, contou. Em novembro, ele vai fazer outra viagem, dessa vez com um grupo de amigos, para os Estados Unidos. “Estou acompanhando a cotação do dólar e economizando o máximo possível”, revelou. Davi estava reservando mensalmente 40% do orçamento, mas já pensa em subir o esforço para 50%. “Vou ter que me sacrificar para aproveitar melhor”, explicou.
A estudante Izabela Cunha, 18, fez algo parecido. Ciente da alta do dólar, ela rumou ontem para Cancún, no México, com a tia e a avó, já sabendo que não poderá gastar muito. “Vou priorizar o uso do dinheiro em passeios turísticos e mergulhos”, afirmou.
» Tarifa mais cara no aeroporto
Depois de ter autorizado o reajuste das tarifas nos terminais de Guarulhos e Viracopos, em São Paulo, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou ontem que o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, também poderá reajustar as taxas cobradas dos passageiros em até 6,69%. Com a alteração, a tarifa de embarque doméstico passará dos atuais R$ 21,14 para R$ 22,55. Voos internacionais pagarão R$ 39,93 além de um adicional de US$ 18, recolhidos ao Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC). Também serão reajustadas os valores cobrados para conexões, pousos, permanência de aeronaves, armazenagem e movimentação de cargas. As novas tarifas, que foram publicadas ontem no Diário Oficial da União, passam a valer em 30 dias.