O processo de acumulação de reservas internacionais via compras no mercado à vista está "em pausa" no Brasil desde o fim de abril, quando o Banco Central (BC) deixou de comprar divisas.
As últimas ações do BC, de fato, foram ofertas de moeda americana ao mercado, mas sem impacto sobre as reservas, pois as vendas foram feitas com derivativos, por meio de contratos de swap cambial.
Em 2012 até 6 de agosto, as reservas internacionais somavam US$ 376,058 bilhões, um crescimento de 6,8% ou US$ 24 bilhões sobre o fim de 2011.
Boa parcela desse crescimento ocorreu entre fevereiro e abril, quando o BC tirou de circulação US$ 18,157 bilhões via compras no mercado à vista ou por meio de leilões a termo.
A última atuação à vista foi em 27 de abril. Depois disso, o BC mudou de postura, e em 18 de maio passou a ofertar dólares no mercado futuro.
Tentar apontar qual o próximo passo do BC é tarefa ingrata. A melhora externa que tenta se firmar com base na possibilidade de atuações do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve (Fed), banco central americano, pode levar o dólar para baixo, chamando o BC de volta à ponta de compra.
Por outro lado, o fraco desempenho do fluxo cambial nos últimos meses já consome a posição comprada dos bancos no mercado à vista. Conforme esse estoque de divisas das instituições cai, cresce a chance de o BC ter de ofertar dólares à vista, ou seja, se desfazer de reservas para garantir a funcionalidade do mercado.
Em 2011, a movimentação do BC foi muito mais ativa no câmbio. A autoridade monetária comprou US$ 50,107 bilhões no mercado, sendo US$ 44,9 bilhões ou 90% do total entre janeiro e julho. No ano passado, as reservas aumentaram em US$ 63,437 bilhões, ou 22%, sobre os US$ 288,575 bilhões observados no fim de 2010.
Desde 2007, as reservas internacionais do país mais que dobraram de tamanho e cobrem o endividamento externo, que fechou junho em US$ 302,821 bilhões (sem colocar na conta os empréstimos intercompanhia).
Em função disso, diz um diretor de corretora, é bobagem o governo gastar mais dinheiro na acumulação de reservas, pois o ganho de confiança que se traduz em menor custo de crédito é mínimo. Colocando de outra forma, a utilidade marginal do acúmulo de reservas quando estas já cobrem o endividamento externo do país é decrescente.
Também há críticas com relação ao custo de carregamento desses recursos. Em 2011, a autoridade monetária gastou R$ 30,6 bilhões com administração das reservas internacionais. Esse custo só não foi maior porque a alta do dólar no segundo semestre do ano passado gerou um lucro de R$ 90,2 bilhões com o carregamento das reservas, conforme explicou em fevereiro o diretor de administração do Banco Central, Altamir Lopes.
A rentabilidade das reservas também ficou a desejar. Foi de 3,6%, superior à taxa de 1,82% de 2010, mas abaixo da média anual entre 2003 e 2011, de 4,7%, de acordo com o último Relatório de Gestão das Reservas Internacionais, divulgado em julho. Segundo o BC, a rentabilidade menor que a média decorreu das baixas taxas de juros vigentes no mercado internacional.
O "colchão" brasileiro terminou 2011 com US$ 352 bilhões. No documento, o BC explica que continuou diversificando a aplicação das reservas para intensificar a política de hedge cambial do passivo externo.