O dólar a R$ 1,88, valor atingido ontem pela moeda americana, ainda não agrada a exportadores e industriais brasileiros. Para eles, a cotação ideal para dar competitividade à indústria e melhorar o nível de ganho seria entre R$ 2 e R$ 2,20. Especialistas se dividem, no entanto, na avaliação das medidas que o governo tem tomado para depreciar o câmbio.
Para Roberto Giannetti da Fonseca, exportador e diretor de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o governo está no caminho certo e sinaliza que atingirá R$ 2 ou R$ 2,20. Já Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados, diz que "o governo está gastando tempo e esforço para buscar uma solução que não é de curto prazo e que depende de um sacrifício e planejamento muito maior por parte dele".
Sobre o atual patamar, os dois têm a mesma opinião.
- Não dá para reclamar, porque é melhor que R$ 1,50. Mas R$ 1,88 ainda não é o ideal - disse Giannetti da Fonseca.
Vale emenda que a depreciação obtida ontem "não traz consequências reais para o setor" e, portanto, precisa continuar. O processo de desvalorização, porém, tem de ser lento ou o país corre o risco de acelerar a inflação no curto prazo, o que corroeria parte dos ganhos reais.
- Não pode ser uma desvalorização abrupta. Por isso, acho que o governo está na direção certa, fazendo isso de forma lenta - avaliou Giannetti da Fonseca.
Vale observa que hoje grande parte dos insumos industriais é de importados. Portanto, depreciar o câmbio rapidamente pode ser um tiro no pé, já que acaba encarecendo o produto final pelo aumento do custo desses insumos. Uma eventual explosão do endividamento em dólar das empresas brasileiras, que aproveitaram taxas de juros muito baixas no exterior e dólar barato para captar recursos lá fora nos últimos tempos, também não preocupa os especialistas.