A pesquisa semanal que o Banco Central (BC) realiza com analistas do mercado financeiro captou uma alta significativa nas expectativas de inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto para este ano saltou de 5,26% para 5,35%, o que pesou na nova estimativa para os juros básicos. Até a semana passada, o boletim Focus previa mais um corte de 0,25 ponto percentual na Selic. Agora os analistas apostam que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a taxa básica de juros em 7,5% ao ano, o patamar atual, até outubro de 2013.
compulsório influiu
Além do repique dos preços, os economistas entenderam que a mudança nas regras dos depósitos compulsórios, com liberação de R$ 30 bilhões anunciada pelo governo, terá o efeito de redução dos juros para empresas e famílias, pois haverá mais dinheiro circulando.
Segundo a pesquisa semanal do BC feita com os economistas dos maiores bancos e corretoras do país, as expectativas para o IPCA tiveram a 11ª alta seguida. E estão cada vez mais distantes do centro da meta de inflação em 2012, de 4,5%. As estimativas continuam dentro da margem de tolerância de dois pontos percentuais.
- Acho que o mercado entendeu o tradeoff (jargão dos economistas para a palavra "escolha") que o Banco Central tem: se cortasse mais 0,25 ponto percentual, o efeito sobre o crescimento seria pouco em relação ao aumento da expectativa de inflação - avaliou o economista-chefe da corretora Gradual, André Perfeito.
Para a economista-chefe da Icap, Inês Felipa, a mudança no cálculo do compulsório, que só na Caixa Econômica Federal representa R$ 2 bilhões a mais para emprestar, pesou mais na conta dos analistas. Já o economista-chefe da corretora Planner Prosper, Eduardo Velho, diz que as declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que não seria necessário voltar a subir os juros em 2013, também contribuíram para mudar as previsões do mercado. A avaliação é que o BC não cortará os juros para não precisar subir depois.