Depois de períodos de grande volatilidade e desvalorização ao longo deste mês, a bolsa brasileira inverteu a mão nos últimos dias e tem grandes chances de encerrar novembro em alta.
Notícias positivas no ambiente externo e também no interno animaram os investidores a tomar mais risco ontem. E a melhora do cenário acabou provocando uma redução significativa nas posições vendidas (apostas de baixa), com a realização de operações conhecidas no mercado como "short squeeze" - compra de ações para liquidar contratos de aluguel.
Esse movimento acentuou a alta de alguns papéis e levou o Ibovespa a mostrar uma valorização mais expressiva do que as bolsas americanas. O Ibovespa fechou em alta de 2,31%, aos 57.852 pontos, com forte volume de R$ 8,284 bilhões. Com a recuperação de ontem, o índice passou a acumular alta de 1,37% no mês. No ano, o ganho está em 1,93%.
Entre as notícias que animaram os investidores estão o aumento do PIB americano no terceiro trimestre, de 2,0% para 2,7%, na revisão do indicador divulgada ontem, e também projeções para o PIB brasileiro feitas pelo Credit Suisse, que prevê expansão de 4% em 2013 e 4,5% em 2014.
O especialista de renda variável da Icap Brasil Corretora, Illan Besen, lembra que o mercado já vinha mais otimista desde quarta-feira, diante dos sinais de que o governo americano caminha para um acordo com o Congresso para evitar o "abismo fiscal". "Os sinais de um possível acordo incentivaram os investidores a tomar mais risco. O local já estava neutro no mercado, enquanto o estrangeiro, que estava mais vendido, teve que realizar um "short squeeze"."
Na quarta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama disse que espera resolver a questão do "abismo fiscal" antes do Natal. "Muitos esperavam uma solução apenas no ano que vem", lembrou o operador sênior da BI&P Indusval Corretora, Fabio Galdino de Carvalho.
A alta no preço das commodities lá fora impulsionou os carros-chefe da bolsa brasileira. Vale PNA subiu 3,91%, para R$ 36,60; Petrobras PN ganhou 2,68%, a R$ 19,15; e OGX ON teve alta de 1,58%, para R$ 4,48. Na ponta positiva do Ibovespa, LLX ON disparou 27,58%, para R$ 2,22 após a empresa anunciar que a GE irá construir uma fábrica no porto de Açu.
"O anúncio ajudou a retomar a confiança no projeto do porto. Mas é um projeto de longuíssimo prazo. Essa alta foi uma correção das quedas recentes, mas ainda assim, foi exagerada", ponderou o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. Segundo operadores, a forte alta foi reflexo também da cobertura de um grande volume de posições vendidas.
CSN ON (9,61%) e Usiminas ON (7,42%) avançaram com relatórios do Santander e do BTG Pactual. O primeiro banco elevou a recomendação de CSN de "desempenho abaixo da média do mercado" para compra. O BTG fez uma análise positiva do mercado de aços planos após os dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil (IABr), que apontaram uma recuperação nas vendas domésticas.
Entre as maiores baixas ficaram Eletrobras PNB (-7,46%), Eletrobras ON (-3,95%) e B2W ON (-4,47%) que corrigiram altas recentes, além de Embraer ON (-5,19%). A fabricante de aviões caiu forte pelo segundo dia seguido, ainda sob efeito do grande contrato fechado nesta semana pela sua concorrente Bombardier.
Fora do Ibovespa, o destaque ficou com Qualicorp ON, que registrou o maior volume do dia, de R$ 988 milhões, superando Vale PNA (R$ 982 milhões). O papel fechou em baixa de 5,57%, cotado a R$ 19,99. A corretora Merrill Lynch realizou um negócio direto com 20 milhões de ações, equivalente a 2,08% do capital da companhia. O ativo será incluído na carteira do índice MSCI Global que entra em vigor na segunda-feira.