Bovespa volta ao patamar de 63 mil pontos em dia de forte atuação de investidores estrangeiros nos mercados
Os rumores de um crescimento maior do que o previsto da economia chinesa no primeiro trimestre deste ano embalou ontem os ganhos nos mercados financeiros pelo mundo. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou seu segundo melhor pregão no ano, com forte atuação dos investidores estrangeiros. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, avançou 2,88%, aos 63.058 pontos, e interrompeu uma sequência de três dias seguidos de perdas. O volume financeiro foi expressivo: R$ 8,2 bilhões. Já o dólar comercial recuou 0,27%, cotado a R$ 1,830, uma queda que só não foi maior por causa da intervenção do Banco Central (BC) no mercado à vista de câmbio.
- Durante o pregão circulou informações de que o PIB da China subiria 9%, acima dos 8,4% previstos pelo mercado. Isso teve um efeito imediato nos mercados - disse Eduardo Oliveira, da Um Investimentos.
Em Wall Street, o Dow Jones avançou 1,41% e o Nasdaq, 1,30%. Além do efeito positivo vindo da China, os mercados foram ajudados por comentários de autoridades dos bancos centrais dos EUA e do Japão, que garantiram a permanência do afrouxamento monetário em suas economias.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, William Dudley, disse ontem que o país ainda não está crescendo rápido o suficiente para estimular a economia, o que sugere que a autoridade monetária continuará afrouxando sua política. A instituição previu que o Produto Interno Bruto (conjunto de bens e serviços produzidos no país) crescerá 2,25% no primeiro trimestre na comparação anual.
Na Europa, as bolsas chegaram a registrar perdas no início do pregão, após o leilão de venda de títulos da Itália, que pagou um ágio maior. Mas o clima foi amenizado após a abertura dos mercados americanos. E, assim, fecharam em alta as Bolsa de Londres (1,34%), Paris (0,99%) e Frankfurt (1,03%).
Bovespa também sobe
por ajuste técnico
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que uma barreira de proteção financeira é necessária para evitar que a crise da dívida na Europa volte a explodir. Para isso, o FMI necessitará de mais recursos para ajudar as economia.
- O FMI pode ajudar. Mas, para sermos mais efetivos, precisamos elevar nossos recursos - afirmou Christine.
Segundo Hersz Ferman, gestor da Yield Capital, a forte alta do mercado brasileiro também pode ser explicada por um ajuste técnico entre investidores.
- Na quarta-feira, a bolsa brasileira recuou, num pregão de alta no exterior - disse Ferman.
Na Bovespa, o destaque do pregão ficou para as ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras, que avançaram 3,09%, para R$ 22,01, acompanhando a alta dos preços das commodities pelo mundo. Também entre os destaques do dia , os papéis preferenciais do Pão de Açúcar ganharam 4,93%, a R$ 90, após a companhia informar que suas vendas líquidas no primeiro trimestre avançaram 12%, frente ao mesmo período do ano anterior, para R$ 12,1 bilhões.
Entre os destaques de perdas, os papéis ordinários (ON, com direito a voto) da Usiminas caíram 5,32%, a R$ 16,90. As ações estão sob ataque após o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade) ter suspendido na quarta-feira a compra de ações da Usiminas pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).