Se o Índice Bovespa cair, os investidores poderão comemorar. Desde que o indicador não perca os 52.500 pontos, um recuo nos próximos dias - após a queda de 1,19% na semana passada (55.439 pontos) - pode ser um bom sinal para o mercado. Quem ainda não conhece muito bem a análise técnica deve estar se perguntando como a queda do índice poderia ser positiva.
Nessa escola de análise, quando um ativo cai, mas não chega à mínima de referência dos grafistas, começa a se formar uma figura que sinaliza reversão da tendência de queda para a de alta. Para que essa perspectiva se confirme, porém, é necessário que o ativo reaja e ultrapasse um nível de resistência, espécie de teto difícil de ser rompido porque costuma atrair operações de venda.
Essa é a expectativa para o Ibovespa. Se o índice recuar sem perder os 52.500 pontos e depois se recuperar, rompendo a resistência de 57.600, a perspectiva positiva será confirmada. Isso porque o gráfico apresentará um desenho com topos (pontuações máximas) e fundos (mínimas) ascendentes, indicando possível alta, na linguagem dos adeptos da metodologia. A explicação é do analista técnico do MyCAP, home broker da corretora ICAP, Raphael Figueredo.
No entanto, ele recomenda ao investidor ter em mente de que a perda do suporte (espécie de piso difícil de ser ultrapassado, porque tende a atrair compradores) de 52.500 pontos desencadeará o cenário mais pessimista. "Caso isso ocorra, o índice deverá atingir as pontuações mínimas registradas em 2011, por volta dos 48 mil pontos", afirma o analista.
Outra possibilidade é o mercado ficar de lado, sem tendência clara de alta ou de baixa. "Quando o gráfico mostra topos e fundos nem ascendentes [que sugerem alta] nem decrescentes [que indicam queda], chamamos de congestão", explica Figueredo. É esperar para ver. Como a análise técnica trabalha com estatística e probabilidades baseadas no histórico de preços, não é possível cravar o que acontecerá futuramente. Cada mudança de patamar pode indicar uma tendência diferente.
As principais "blue chips" do Ibovespa também têm a chance de mudar de rumo. O papel preferencial da Vale subiu quatro dias consecutivos na semana passada. Apenas na sexta-feira a ação te- ve ligeiro declínio, de 0,10%, a R$ 38,81. Para Figueredo, o papel deve recuar um pouco, mas, se o piso de R$ 37,30 for respeitado, pode indicar recuperação.
A ação preferencial da Petrobras também pode ser uma boa pedida se ultrapassar os R$ 20,50, um importante nível de resistência. Nesse caso, Figueredo explica que há duas projeções iniciais, que podem ser pontos de venda: R$ 22,02 e R$ 22,28. Na semana passada, o papel da estatal petrolífera avançou 5,39%, a R$ 19,55.
"Até o momento, o papel respeita um importante patamar, aos R$ 19,32, que chamamos de divisor de águas. Enquanto permanecer acima desse preço, há chance de a resistência de R$ 20,50 ser rompida e a ação engatar uma nova alta. A faixa de R$ 19,32 é importante porque é uma região de resistência que neste momento está se transformando em suporte", explica o analista do MyCAP.
Mais um sinal favorável à ação da Petrobras é a divergência entre fundos (preços mínimos) e o Índice de Força Relativa (IFR). O IFR compara o tamanho da média dos ganhos com média das perdas, numa escala de zero a cem. Quando está abaixo de 20, a sugestão dos grafistas é de compra, porque significa que o preço está baixo demais. Já acima de 80, mostra que está caro. No caso da estatal, em 30 de maio o IFR apontava para 9. Hoje aponta para 45. "O movimento revela chance de alta", finaliza o analista.