Brasil registrou fluxo cambial negativo de US$ 6,2 bilhões em outubro, puxado pelas remessas do setor financeiro, de US$ 5,1 bilhões
O Brasil viu a saída de US$ 6,2 bilhões do País em outubro, informou ontem o Banco Central (BC). O resultado mensal é o pior do ano e só não supera na história recente a marca de US$ 6,76 bilhões de dezembro de 2012. O que chama mais atenção é que o envio de dólares maior do que o ingresso foi capitaneado pelo setor financeiro, com remessas de US$ 5,1 bilhões.
Esse costuma ser o primeiro sinal de fuga de capitais por cau-sa do pessimismo em relação à economia. A equipe econômica, porém, adotou uma posição de não dar muita importância aos números negativos. O clima aparente é de tranquilidade por parte do governo.
A avaliação é de que as saídas proporcionadas por serviços e remessas para o exterior têm sido recorrentes e, de certa forma, são até fortes, mas não chegam a ser relevantes a ponto de se caracterizarem como uma fuga de capital do País. O ambiente de ontem foi bem diferente do visto meses antes, quando o BC divulgou uma forte saída de recursos, também capitaneada pelo setor financeiro. Apesar de não ter sido uma retirada tão expressiva quanto agora, técnicos da equipe econômica correram para explicar que não se tratava de um vazamento descontrolado de recursos.
A saída da conta comercial também não foi irrelevante no mês passado, apesar de ter sido bem menor, de US$ 1,06 bilhão. Neste caso, pesam as importações maiores (US$ 20,4 bilhões) do que as exportações (US$ 19,3 bilhões), uma amarga conta que vem sendo vista desde o começo do ano. A perspectiva de analistas do mercado financeiro é a de que o País consiga fechar a conta no azul até o fim do ano. Mas as projeções de superávit são baixas, em torno dos US$2 bilhões.
Com essa surpresa de outubro, o fluxo cambial de janeiro até o dia 1.° de novembro, dado mais recente, se consolidou no terreno negativo. Nos primeiros oito meses do ano, o saldo US$ 1,06 bi foi o total das saídas registradas na conta da balança comercial em outubro; expectativa é que 2013 feche com ligeiro superávit ainda era favorável, mas houve uma reversão dessa tendência em setembro. No acumulado do ano, o resultado é de remessas de US$ 5,4 bilhões em comparação a um saldo positivo de US$ 18,3 bilhões visto no mesmo período do ano passado.
Crise. Se perdurarem as saídas até o fim de 2013, este será o primeiro ano desde a crise financeira de 2008 que o fluxo cambial brasileiro será negativo (US$ 938 milhões).