As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em queda ontem pela segunda sessão seguida, novamente influenciadas pela preocupação dos investidores com o crescimento econômico do país. Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre divulgados na semana passada levaram o mercado a revisar para baixo as estimativas de expansão para este ano e 2013.
Na lista dos três contratos de juros mais negociados na BM&F, o que vence em janeiro de 2014 (DI janeiro/2014) cedeu à taxa de 7,18%, ante 7,21% apurada na sexta-feira após os ajustes finais. Segundo operadores, começam a surgir mais apostas em uma Selic de 7% no ano que vem, se a economia não reagir com mais força - embora ainda seja ampla a maioria de apostas na manutenção da Selic em 7,25%, conforme apurou o boletim semanal do Banco Central, o Focus. No mesmo documento, a mediana das projeções para o PIB caiu de 1,50% para 1,27% neste ano e, para 2013, de 3,94% para 3,70%.
"A questão agora é saber se o Banco Central confia que a economia vai reagir com as medidas já tomadas, ou se pode voltar a cortar juros em 2013, já que a possibilidade de um aumento da Selic está descartada no médio e no longo prazos", disse o diretor de tesouraria de um banco médio de atuação nacional.
Apesar dos cortes nas projeções do PIB, os analistas mantiveram as estimativas para a inflação em 2012 e 2013 na casa de 5,4%. Esse horizonte formado por um Banco Central disposto a manter juros reais baixos e inflação resiliente tem puxado para cima a inflação implícita - taxa projetada pelo mercado por meio dos negócios com títulos públicos atrelados ao IPCA, as Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B). O papel com vencimento em 2015 teve a previsão de inflação embutida subindo a 5,84%, ante 5,77% na véspera.
Agora, os agentes de mercado aguardam a divulgação da ata do Copom, depois de amanhã. No documento, espera-se que a autoridade monetária aborde esse quadro de atividade ainda fraca, mas também mostre quais são os efeitos esperados da desvalorização cambial sobre a inflação.
A visão de que o governo poderá buscar um nível mais alto para o dólar tem contribuído para a preocupação com o rumo dos preços, e o Banco Central poderá falar sobre esse tema na ata.