As taxas de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam em queda ontem pela terceira sessão seguida, na véspera do encerramento do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). É consenso entre os analistas que a Selic será mantida nos atuais 7,25%.
Na lista dos contratos DI mais negociados na BM&F, o de vencimento em janeiro de 2014 cedeu a 7,28%, contra 7,33% no dia anterior, após ajuste. É a menor taxa já registrada por esse contrato.
Todos os 35 economistas ouvidos pelo Valor Data esperam que o Banco Central deixe a taxa básica de juros no atual patamar. Para 20 deles, a taxa ficará inalterada até dezembro de 2013. Isso é o que também aponta o boletim Focus. Se essas apostas se confirmarem, o Brasil estará ao mesmo tempo encerrando o segundo maior ciclo de alterações da Selic para entrar no mais longo período de estabilidade do custo básico do dinheiro.
Em março de 2011, o Copom começou a elevar a Selic; após cinco altas seguidas, passou a cortar a taxa, em agosto do ano passado - somando 15 alterações em 15 reuniões, na mais longa sequência desde o período entre outubro de 2005 e outubro de 2007.
"Não se espera uma surpresa amanhã [hoje], porque o Banco Central já deu sinalizações claras sobre a estabilidade da política monetária", afirmou o economista-chefe do BES Investimento, Flavio Serrano. "Mas a depreciação do câmbio, as expectativas de inflação acima do centro da meta e o juro real ex-ante em torno de 1,7% aumentam o risco de os preços livres seguirem em alta no próximo ano", pondera ele.
Apesar dos riscos de pressão inflacionária, Serrano avalia as taxas de juros projetadas nos contratos de longo prazo na BM&F não sobem mais porque os investidores veem o BC dando mais atenção à fraca atividade econômica que às incertezas rondando os índices de preços. "A atividade não vai bombar porque o investimento não está crescendo e o mundo continua incerto. Isso tem influência direta sobre os juros mais longos", disse.
No mercado de câmbio, operadores evitaram forçar grandes variações no dólar para, assim, afastar a possibilidade de novas intervenções do BC. Com isso, a moeda caiu 0,1%, a R$ 2,08.
Na sexta-feira, a autoridade monetária vendeu US$ 1,62 bilhão em swaps cambiais tradicionais para conter uma valorização mais forte da moeda. Com a operação, o BC antecipou o vencimento de cerca de metade dos swaps reversos para dezembro que têm em carteira.
"O dólar não subiu por causa do BC", disse Mario Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora. Ainda assim, segundo ele, o foco do BC neste momento está mais na volatilidade do que numa taxa específica para o teto da banda, disse. "O BC está mais preocupado em evitar grandes volatilidades do que em defender o que seria o teto da banda."
Segundo Italo Abucater, especialista de câmbio da Icap Brasil, o leilão da sexta-feira ocorreu porque o BC sentiu que o real estava oscilando muito mais que seus pares. O leilão foi anunciado após a moeda bater a cotação de R$ 2,118, a maior intradiária desde 2009. "Mas isso não significa dizer que sempre que bater nesses níveis o BC irá atuar", afirmou Abucater.
Para o mercado, a moeda deve se estabilizar em torno de R$ 2,08, respeitando os novos limites da banda cambial, estimada entre R$ 2,05 e R$ 2,10. Ainda assim, muitos agentes creem que o BC pode tolerar cotações acima do teto por curtos períodos, desde que a volatilidade se mantenha baixa.