A taxa básica de juros (Selic) até o fim do ano já está dada: 7,25%. O indicador, que foi definido em outubro pelo Comitê de Política Monetária (Copom), será mantido na reunião que começa hoje e termina amanhã, segundo todos os economistas consultados pelo Correio. Do último encontro de 2012 da diretoria do Banco Central (BC), os especialistas querem saber apenas uma coisa: indicações de como será a política de juros ao longo do próximo ano. A aposta majoritária é de que a Selic ficará inalterada até o fim de 2013, mesmo que a inflação continue acima do teto de meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5%. O mesmo deverá ocorrer em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff tentará reeleição.
Para o economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, o BC está convicto sobre a manutenção da Selic, como forma de estimular a frágil retomada da atividade econômica. “O Banco Central já sinalizou que espera pela convergência da inflação ao centro da meta por um prazo superior a 12 meses”, explicou. No entender dele, a autoridade monetária está aceitando um pouco mais de inflação, atribuindo o aumento dos preços aos choques externos, como o das commodities.
Longo prazo
O mercado, segundo o relatório Focus, do BC, também não acredita na convergência da inflação para 2013, mas nem assim aposta em elevação da taxa básica de juros. Eduardo Velho acredita que, mesmo diante de uma escalada de preços no ano que vem, o governo tenderá a manter a Selic no atual patamar, enquanto utiliza outros instrumentos para controlar os preços, como o corte de despesas, reversão de parte das isenções dadas e aumento de compulsório e IOF, chegando até mesmo a deixar o câmbio mais flexível. “Este governo não aumenta mais juros. Eles vão é esperar o momento certo para baixar mais uma vez a taxa”, avaliou.
Jankiel Santos, economista- chefe do BES Investimento, concorda com Velho quanto à avaliação para este ano. Mas, para o fim de 2013, ele vê a possibilidade de o governo elevar a taxa de juros. “Nós não concordamos com a conduta recente do BC, dada a tendência inflacionária ao longo dos últimos meses. Mas a mensagem do último Copom foi clara: o espaço para o corte da taxa básica de juros se esgotou em outubro.”
Para Jankiel, a taxa Selic deve permanecer inalterada por tempo suficiente para que a recuperação econômica no Brasil ocorra em um ritmo “decente”. “Não acho que tenha havido qualquer mudança suficientemente grande nos últimos 45 dias no exterior ou no Brasil para justificar uma mudança de estratégia do BC. Assim, seria difícil para o BC justificar qualquer movimento nesta quarta-feira”, avaliou.