Os mercados acionários tiveram uma segunda-feira negativa pelo mundo, com investidores apreensivos em relação à reunião do Eurogrupo, o grupo de ministros das Finanças da zona do euro, em Bruxelas, para discutir a liberação da próxima tranche do pacote de ajuda à Grécia.
A preocupação com o "abismo fiscal" americano, cujas negociações no Congresso devem ser retomadas nesta semana após uma sequência de feriados e recessos, também pautou os negócios. A semana ainda reserva a divulgação do Livro Bege e do PIB dos EUA, além da reunião do Copom.
"Os mercados passaram o dia em compasso de espera, de olho na Grécia", observou o estrategista da SLW Corretora, Pedro Galdi. A cautela se refletiu no volume fraco de negócios da bolsa brasileira, que foi de apenas R$ 5,122 bilhões.
Alguns papéis do setor elétrico corrigiram parte das perdas recentes e fecharam em forte alta. Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN (-1,82%, a R$ 18,82) e OGX ON (-5,33%, a R$ 4,61) pressionaram o Ibovespa, que recuou 1,45%, para 56.737 pontos.
A petroleira de Eike Batista devolveu os ganhos da semana passada após desmentir rumores de que venderia até 25% da participação que possui nos ativos da Bacia de Campos. Já a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, declarou que entende a insatisfação dos acionistas minoritários e se disse constrangida com a atual situação dos papéis.
As ações ON da estatal perdem 13,8% este ano, enquanto as PN recuam 10,2%, reflexo da falta de um novo reajuste dos combustíveis. "O valor das ações da Petrobras é uma demonstração de quão aborrecidos estão conosco nossos prezados acionistas minoritários e é algo que me constrange profundamente", disse Graça, em evento do Grupo de Líderes Empresariais (Lide).
Também ficaram entre as maiores baixas PDG Realty ON (-5,36%), JBS ON (-4,91%) e Gol PN (-4,15%), além das operadoras Telefônica Brasil PN (-3,15%), Oi PN (-3,49%), Oi ON (-4,61%) e TIM ON (-2,83%). A Gol anunciou na sexta-feira o encerramento das atividades da Webjet, a demissão de 850 funcionários e a devolução de 20 aviões.
No caso das teles, investidores olharam com mais atenção os números divulgados na semana passada pela Anatel, sobre adição de linhas celulares pré e pós-pagas. "O nome do jogo agora é qualidade da base", disse uma analista do setor, lembrando que, mais importante do que ampliar o número de clientes, é crescer no segmento pós-pago, de maior rentabilidade.
Também mereceu atenção uma notícia divulgada pelo "Expansión". Segundo o jornal espanhol, a Telefónica pode realizar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de todas as suas unidades da América Latina, que seriam agrupadas em uma holding, caso a empresa precise levantar mais capital para reduzir seu endividamento no próximo ano.
Na ponta positiva do mercado se destacaram Cesp PNB (7,10%), Eletrobras PNB (4,15%) e Eletrobras ON (3,01%). O presidente da Cesp, Mauro Arce, declarou que a Medida Provisória 579 coloca a empresa em situação delicada. Tanto o cenário de renovação dos contratos das usinas com preços menores, como propõe o governo federal, quanto a devolução dos ativos trazem perdas para a companhia. Na sexta-feira, o Credit Suisse elevou a recomendação das ações da Cesp para "neutra", após o presidente do conselho, José Anibal, dizer que a empresa não vai renovar as concessões que vencem até 2017. "Isso sinaliza que o pior caso de desvalorização tem chances mínimas de ocorrer", observou o analista o Vinícius Canheu.