O dólar comercial fechou em alta ontem pelo segundo dia consecutivo, subindo 0,20%, a R$ 2,024. O câmbio local acompanhou o desempenho da divisa americana no exterior, onde avançou em relação à maioria das moedas de países exportadores de commodities.
Na máxima do dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 2,031, mais alto nível intradiário desde 28 de janeiro. A moeda chegou a essa cotação após notícia veiculada pelo Twitter da agência de notícias americana Associated Press (AP), informando que duas bombas haviam explodido na Casa Branca. A moeda abandonou esse nível minutos depois, quando foi confirmado que a notícia era falsa, fruto de uma invasão de hackers na conta de Twitter da AP.
Apesar da alta ontem, variação foi limitada pela expectativa do fluxo que virá de captações externas e IPOs de empresas brasileiras, especialmente o da BB Seguridade, que deve promover a entrada de US$ 2,4 bilhões no país. "É um dinheiro que pode ajudar a aliviar um pouco o mercado, principalmente com o fluxo negativo que temos visto nos últimos meses", disse o operador de câmbio da Intercam Corretora, Glauber Romano.
Já as taxas de juros recuaram ontem nos contratos negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e no leilão realizado pelo Tesouro. A tendência foi influenciada pela queda do rendimento dos papéis do governo americano, os Treasuries, enquanto no quadro doméstico os investidores seguiram ajustando carteiras a um cenário que prevê um ciclo de aperto monetário mais suave.
Essa conjuntura foi iniciada quinta-feira passada, depois que o Banco Central optou por elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 7,50%, ante 0,50 ponto percentual de aumento que era a aposta predominante. Como uma das explicações dadas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para o ajuste menos agudo foi o horizonte de dúvidas no cenário externo, os fracos indicadores de atividade na China e na Alemanha revelados ontem influenciaram as taxas da BM&F.
Para o economista-chefe do banco Pine, Marco Maciel, os modelos da instituição sugeriam a necessidade de um aperto monetário mais forte semana passada, mesmo que o objetivo do BC fosse a manutenção da inflação nos níveis recentes. "A decisão de quarta-feira sugere que o Copom permanece pouco convencido da necessidade de elevar os juros."
No mercado de títulos públicos, a cautela com a inflação alimenta procura por papéis atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que permitem alguma proteção. Em leilão ontem, o Tesouro Nacional colocou 183,2 mil papéis para 2018 e 566,8 mil títulos para 2022, com queda das taxas em relação ao evento anterior, em 9 de abril. As NTN-Bs de 2018 saíram a 3,44% ante 3,55%; os títulos de 2022 saíram a 3,82% de 3,92%.