Após quatro pregões em alta, a Bovespa passou por um processo de realização de lucros ontem, pressionada pelo cenário externo, de maior aversão a risco. No caso da bolsa brasileira, pesou principalmente o dado preliminar de atividade na China, que reacendeu as preocupações de desaceleração da economia mundial.
Lá fora, a aversão ao risco foi provocada por uma releitura das declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, e da ata do Fed. Segundo o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, os investidores aproveitaram os ruídos do discurso de Bernanke para embolsar lucros. Um exemplo foi a forte queda de 7% da bolsa do Japão, após uma semana de 10% de alta.
A leitura preliminar do índice dos gerentes de compras do setor manufatureiro (PMI, na sigla em inglês) na China, medido pelo HSBC, indicou queda para 49,6 em maio, ante leitura final de 50,4 referente a abril, o mais baixo em sete meses. Leituras abaixo de 50 indicam retração da atividade.
"Os números da China acertaram em cheio na veia de commodities da Bovespa", comentou o especialista em bolsa da Icap Brasil, Rogério Oliveira. "O mercado brasileiro teve uma abertura negativa, por causa principalmente de Vale, Petrobras e das siderúrgicas. Essa fraqueza maior no início do pregão esteve relacionada ao temor de desaceleração mundial", disse Oliveira. Porém, a redução nos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos aliviou a pressão sobre os mercados à tarde.
O Ibovespa terminou em leve baixa de 0,14%, aos 56.349 pontos, com giro abaixo da média, de R$ 6,840 bilhões. Foi a primeira correção da bolsa após quatro altas. Ainda assim, o Ibovespa acumula ganho de 2,15% nesta semana.
Entre as ações mais negociadas, Vale PNA perdeu 1,80%, a R$ 30,38; Petrobras PN caiu 0,30%, para R$ 19,86; e OGX ON subiu 4,46%, a R$ 1,87. Além da influência chinesa, um relatório do Bank of America Merrill Lynch (BofA) destacou que o adiamento do novo código de mineração também é negativo para a Vale. A casa, no entanto, segue com recomendação de compra para o papel. Segundo informou o jornal "Folha de S.Paulo", o Palácio do Planalto suspendeu o envio do projeto para o Legislativo.
Já OGX se recuperou graças a declarações de um executivo da companhia, que afirmou que o campo de Tubarão Martelo deverá produzir de 20 mil a 30 mil barris de petróleo por dia até abril de 2014, e que a produção de gás natural alcançará 5,5 milhões de metros cúbicos até dezembro.
Entre as maiores baixas figuraram Gerdau Metalúrgica PN (-3,33%), OGX, Gerdau PN (-3,12%) e Gol PN (-2,72%). Na ponta positiva ficaram Vanguarda Agro ON (6,48%), OGX, B2W ON (3,98%) e Rossi ON (3,24%). Esta semana, o BofA divulgou relatório afirmando que o momento não é favorável ao investimento no setor siderúrgico, devido aos resultados mais fracos que o esperado. A instituição manteve recomendação "neutra" para as ações e reduziu o preço-alvo de R$ 18,00 para R$ 15,20.
Entre os "micos" do mercado, a Agrenco despertou atenções após apresentar um novo plano de recuperação judicial. O papel, que chegou a subir 4,5% na quarta, devolveu 1,42% ontem.